O Supremo Tribunal Federal (STF) recentemente julgou o tema nº 1.214, declarando inconstitucional a cobrança do ITCMD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação) sobre os valores relacionados aos planos de previdência privada PGBL e VGBL.
Essa decisão representa um marco significativo, encerrando anos de resistência por parte dos estados em reconhecer que o repasse de valores desses planos aos beneficiários não deve ser tributado pelo ITCMD. O STF entendeu que esses planos possuem caráter securitário, similar ao seguro de vida, que também é isento desse imposto.
Impactos da decisão
A decisão reduz a insegurança jurídica e beneficia os contribuintes, que anteriormente precisavam, muitas vezes, pagar o imposto indevidamente para depois buscar o reembolso por meio de ações judiciais. Além disso, os custos do ITCMD, que variam de estado para estado, são tradicionalmente elevados, e essa mudança proporciona uma economia considerável para os herdeiros.
Restituição de valores pagos indevidamente
Os contribuintes que foram obrigados a pagar ITCMD sobre planos de previdência nos últimos cinco anos podem buscar a devolução do valor, desde que observem os seguintes pontos:
• Prazo prescricional:
A solicitação deve ser feita dentro do prazo de cinco anos a partir da data de pagamento do imposto.
• Documentos necessários:
É essencial reunir os comprovantes de pagamento do imposto, além de documentos que comprovem a natureza dos planos e o vínculo com o titular falecido.
• Ação judicial:
O pedido de restituição deve ser feito por meio de processo judicial, podendo ser de forma individual ou coletiva, dependendo da estratégia definida.
• Possíveis mudanças no cenário:
Embora a decisão atual garanta a restituição, mudanças legislativas ou recursos podem alterar os efeitos do julgamento, tornando importante agir com rapidez.
Impactos da reforma tributária no ITCMD
A reforma tributária em discussão trará mudanças importantes no ITCMD, que passará a ser obrigatoriamente progressivo. Assim, os estados que ainda utilizam alíquotas fixas deverão implementar faixas que variam de 1% a 8%, de acordo com o valor da herança ou doação. Valores menores terão alíquotas menores, enquanto valores mais altos estarão sujeitos a percentuais maiores, com um teto de 8%.
No entanto, a adoção dessa progressividade não será imediata, pois exige que cada estado aprove leis específicas em suas Assembleias Legislativas. Atualmente, cerca de dez estados ainda aplicam alíquotas fixas, como:
- São Paulo: 4%;
- Minas Gerais: 5%;
- Espírito Santo e Paraná: 4%;
- Mato Grosso do Sul: 3% (doações) e 6% (causa mortis);
- Alagoas: 2% (doações) e 4% (causa mortis);
- Amazonas: 2%;
- Amapá: 3% (doações) e 4% (causa mortis);
- Rio Grande do Norte e Roraima: 3% (doações) e 4% (causa mortis).
Com a possibilidade de aumento nas alíquotas, muitos contribuintes têm buscado antecipar o planejamento sucessório, especialmente para doações, enquanto ainda vigoram as alíquotas fixas.
Conclusão
A decisão do STF traz alívio financeiro e maior segurança jurídica ao desonerar planos de previdência privada do ITCMD. Contudo, a reforma tributária acende um alerta para os contribuintes, com a introdução de alíquotas progressivas, que podem tornar a transmissão de bens mais onerosa no futuro.
Nesse cenário, a importância de um planejamento sucessório eficiente se torna ainda mais evidente, permitindo mitigar custos, garantir tranquilidade aos herdeiros e evitar complicações tributárias no processo de transmissão de bens e direitos.