A dúvida sobre a possibilidade de um comissário de bordo continuar exercendo sua atividade profissional após a concessão da aposentadoria especial é bastante comum, especialmente diante do entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do Tema 709.
De acordo com a decisão do STF, o segurado que obtém a aposentadoria especial está proibido de continuar exercendo atividades laborais que o exponham a agentes nocivos à saúde ou à integridade física.
Essa vedação tem como objetivo preservar a finalidade protetiva da aposentadoria especial, que busca afastar o trabalhador de condições de risco que justificaram a concessão do benefício.
No caso dos comissários de bordo, a atividade profissional é reconhecida como especial em razão da exposição habitual a diversos agentes nocivos, como ruído excessivo, variações de pressão e radiação cósmica, além dos riscos inerentes ao transporte aéreo. Assim, caso o comissário receba a aposentadoria especial, ele estará legalmente impedido de continuar voando.
Contudo, há alternativas viáveis que podem ser analisadas com base no planejamento previdenciário do segurado.
Uma delas é a suspensão do pagamento da aposentadoria especial, permitindo que o comissário continue exercendo sua função. Nessa hipótese, o benefício não será recebido enquanto houver o desempenho da atividade especial, sendo retomado futuramente, quando cessada a atividade de aeronauta, ou a exposição aos agentes nocivos se, por exemplo, esse trabalhador mudar de profissão.
Outra possibilidade é o desligamento da atividade profissional para começar a receber a aposentadoria especial regularmente.
E, por fim, caso o segurado deseje continuar na profissão, mas necessite receber alguma aposentadoria, ele pode optar por não se aposentar de forma especial e buscar a concessão de uma aposentadoria por tempo de contribuição (comum), desde que cumpridos os requisitos legais.
Essa escolha evita a restrição imposta pelo Tema 709, permitindo que o profissional continue voando, mesmo após a concessão do benefício.
Dessa forma, o comissário de bordo que pretende se aposentar deve avaliar cuidadosamente qual modalidade de aposentadoria é mais vantajosa diante de seu projeto de vida, considerando os impactos previdenciários, financeiros e profissionais envolvidos.
A orientação jurídica especializada é essencial nesse processo, garantindo segurança e assertividade na escolha.